quarta-feira, 17 de julho de 2013

Experimentações com palavras, imagens e africanidades

Experimentações com palavras, imagens e africanidades
“Pra que isso, moça?” Pergunta aparentemente inocente, que nos coloca diante do exercício da explicação. Ainda mais quando feita por um ser tão aberto e sensível ao mundo ao seu redor: uma criança. Perguntas formuladas com este viés sensitivo e com olhar imaginativo, esperando a cada piscadela estar diante do fantástico, são as mais difíceis de serem respondidas.
            Brincar com imagens, cores, sons e palavras. Construções e desconstruções que perpassam uma África fabulada. Oficinas de criação coletiva de cartões-postais imagéticos em parceria com grupos artísticos dos mais variados, movimentam escolas, centros de cultura e os caminhos que atravessam. Palavras jogadas ao vento estilhaçam possíveis destinatários. As intervenções feitas pelo Coletivo Fabulografias, tem como matéria-prima de trabalho a desconstrução de um imaginário de uma africanidade estanque vinculada a um passado nacional escravista, numa tentativa de reelaborar este imaginário mediante oficinas nas quais são criados cartões-postais imagéticos e sonoros.
            Neste ano de 2013, o Projeto Fabulografias em parceria com a Associação de Leitura do Brasil (ALB), visa ampliar seu escopo de atuação e intervenção: desta vez os locais privilegiados para as oficinas são locais de educação não escolar e as palavras ganham ainda mais destaque durante as ações, em especial por oficinas de criação poética a partir de imagens.
            No dia 08 de junho, no CIC (Centro de Integração da Cidadania) do bairro Vida Nova, em Campinas rrealizamos a primeira intervenção no Sarau organizado pelo Instituto Voz Ativa, que tem dinamizado diversos saraus em vários locais ao longo deste ano. Neste dia, o local sediava o Sabadania, evento que agregou intervenções de grupos de cultura popular e atividades de cidadania, como emissão de documentos, serviços da Defensoria Pública, orientações do INSS, diagnósticos médicos, além de corte de cabelo, massagem terapêutica e palestras.
            Um rio leitoso de panos brancos transbordou o gramado ao lado do prédio do CIC naquele dia e dele borbulhavam imagens, poesias e cores em movimento. Uma caixa recheada de postais, convidava os que passavam distraídos a parar um momento, observar a exposição e escolher dois postais. Um levariam para casa, o outro seria entregue ao vento, mandado para um destinatário desconhecido. Na mesa central dançavam palavras e imagens, onde estavam depositados as intervenções dos transeuntes de outrora e dos que estavam por ali, naquele mesmo espaço.

            Num turbilhão de memórias, crianças desenhavam e escreviam. Chegavam aos montes. Curiosas, mexiam os postais, intervinham neles com cores e formas. O grupo de dança afro Savuru embalava o ambiente, misturando sua música e movimento as fábulas gráficas espalhadas pelo jardim. Intervimos neles e eles em nós. Estar naquele local foi um acontecimento que marcou o início de novas parcerias, novas propostas, novos caminhos e nos presenteou com uma pergunta que deixará sempre aberta a novas possibilidades os percursos por onde trilharemos: afinal, pra que tudo isso?          







  

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