quinta-feira, 18 de abril de 2013

Simpósios do XIII Congresso Internacional da Abralic.


Amanhã, dia 19 de abril, é o último dia de inscrição nos Simpósios do XIII Congresso Internacional da Abralic. Aproveito para divulgar o Simpósio 22 "Literatura comparada e ensino", que coordeno juntamente com a Professora Marta Nóbrega. Grata, Eliana Kefalás.


SIMPÓSIO 22: LITERATURA COMPARADA E ENSINO: PERSPECTIVAS DE DIÁLOGOS
Coordenadoras: MARIA MARTA DOS SANTOS SILVA NÓBREGA, ELIANA KEFALÁS OLIVEIRA

Nas duas últimas décadas, o ensino de literatura tem estado na pauta de discussões de muitos simpósios, congressos, reuniões institucionais voltadas para o ensino, a ponto de mobilizar equipes do governo a apresentarem diretrizes e documentos parametrizadores para o ensino de literatura, sobretudo na educação básica. A literatura, quando escolarizada, implica em uma prática de leitura significativa capaz de proporcionar ao leitor uma apropriação da experiência do outro em uma época distinta da sua, mesmo que não compartilhe da visão de mundo apresentada no texto. Tal percepção permite uma transformação da perspectiva da realidade, quer pelo estranhamento quer pelo deslumbramento do que está escrito no texto. A prática contribui para que cada aluno se sinta instigado em acionar a sua imaginação, a compreender a intervenção do ser humano no meio ambiente e seu poder de transformar o cenário em que ele vive. Por ter sua especificidade, o objeto (a literatura) a ser ensinado exige que se possa pensar em ações que auxiliem o educador a (re)descobrir os instrumentos necessários para conhecer e articular as especificidades do texto literário em ambiente escolar. Pensar em instrumentos necessários pressupõe o uso de metodologias favoráveis à construção de sentido para o texto literário por parte do educando em fase de escolarização. Desde muito, o método positivista herdado da historiografia literária não vem surtindo o efeito desejado, de modo que o que se percebe é um distanciamento entre aluno e texto literário. No contexto de escolarização, o diálogo que a literatura possibilita entre leitor e texto só é possível através de um contato real com ela mesma, de modo que o aluno, ao se apropriar da literatura, busque obter uma experiência estética Por considerarmos que, durante a leitura do texto literário, o aluno não pode deixar de comparar sua experiência de leitura com a de sua percepção de mundo, é possível que a perspectiva da Literatura Comparada, enquanto método de leitura, favoreça uma aproximação entre leitor e texto com vistas a proporcionar uma vivência estética prazerosa. O diálogo entre ensino de literatura e literatura comparada pode ser estabelecido se considerarmos que, em sua trajetória, a Literatura Comparada sempre foi uma disciplina acadêmica, ministrada em alguns cursos de Graduação em Letras e em Programas de Pós-Graduação, o que pressupõe, também, preocupações com a formação do profissional das Letras a atuar como mediador de leitura literária. Em seus primeiros anos, o modo como a literatura comparada era ministrada pressupunha um conhecimento da literatura de algumas línguas, descartando, assim, uma preocupação com o ensino. No entanto, essa visão bacharelesca sofreu modificações, visto que já se encontra inserida uma perspectiva comparatista de abordagem do texto literário em livros didáticos do ensino básico, embora de modo assistemático. Entendemos que este modelo de abordagem poderia se constituir numa alternativa ao modelo predominante de estudo literário encontrado na escola básica. A partir das novas abordagens comparatistas apontadas por Carvalhal (1986, 2006), que fogem da mera indicação de influências – sobretudo das denominadas grandes literaturas sobre as “menores” –, é possível estimular os jovens leitores a comparar obras as mais diversas, de diferentes gêneros, atentando para o modo como cada escritor/a aborda determinado tema, retoma uma dada forma, reelabora outras, desvela visões de mundo, dentre tantos procedimentos. Este Simpósio pretende ser um espaço de troca de experiências e de propostas que lancem mão da literatura comparada para o trabalho com o texto literário, sobretudo, no contexto de sala de aula. Neste sentido, serão aceitas propostas que envolvam a comparação entre obras de diferentes gêneros, do mesmo gênero, de diferentes épocas e línguas, literaturas populares, literatura infantil e as ditas literaturas marginais. O simpósio também está aberto à abordagem comparatista que tenha como objeto o diálogo entre a literatura e outras artes. Cada proposta de comunicação deverá apontar – ou mesmo especificar – possível nível de ensino para o qual a proposta poderá ser efetivada. Espera-se contribuir com o debate sobre o ensino da literatura brasileira de modo efetivo e, possivelmente, estimular uma discussão mais ampla sobre o ensino de literatura a partir de importantes documentos parametrizadores, como as OCEM (2006). Num país em que a preocupação com o ensino de literatura esteve ausente das grandes discussões literárias – certamente devido à tradição elitista que ainda perdura quanto ao ensino desta disciplina –, propor uma discussão e ao mesmo tempo a indicação de sugestões de práticas, justifica cada vez mais a necessidade de investigações. Palavras-chave: Literatura comparada – Ensino de literatura – Metodologia
Referências:
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CUNHA, Eneida Leal e SOUZA, Eneida M. de. Literatura comparada: ensaios. Salvador: Ed. da UFBA,1996.
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