A Associação de Leitura do Brasil (ALB), diante das discussões e posicionamentos que, nesta semana, foram veiculados em vários suportes midiáticos e listas de grupos organizados na rede virtual, a respeito da divulgação do resultado do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) para o ensino da língua portuguesa na Educação de Jovens e Adultos (EJA) , com o qual se colocam em circulação sentidos conflitantes sobre a língua portuguesa que é engendrada, socioculturalmente, e praticada cotidianamente, manifesta sua posição favorável a uma política que permita que nas escolas seja possível o reconhecimento e a valorização, com consecutivas reflexão e problematização, das variações e multiplicidades do mundo lingüístico que povoa o Brasil.
Os fatos que derivam da discussão desta semana abrem-se para que pensemos, criticamente, as relações entre língua e identidade, conectando-se à também necessária e por vezes invisível apreciação do lugar discursivo e nas redes de poder das línguas brasileiras de origem 'não-portuguesa'.
Aproveitamos para divulgar outras manifestações sobre a polêmica, com vistas a compreender os seus vários efeitos.
Antonio Carlos Amorim
Presidente da ALB - Biênio 2011/2012
Os fatos que derivam da discussão desta semana abrem-se para que pensemos, criticamente, as relações entre língua e identidade, conectando-se à também necessária e por vezes invisível apreciação do lugar discursivo e nas redes de poder das línguas brasileiras de origem 'não-portuguesa'.
Aproveitamos para divulgar outras manifestações sobre a polêmica, com vistas a compreender os seus vários efeitos.
Antonio Carlos Amorim
Presidente da ALB - Biênio 2011/2012
Resposta a uma postagem da procuradora da República Janice Ascari.
Cara Procuradora da República,
Como professor adjunto de uma universidade pública, sinto-me “chocado”. O meu “choque” (diferente do seu) não é com a proposta didática da coleção “Viver, Aprender”, mas com a postura da mídia e de seus interlocutores. Ao ler a notícia sobre uma possível ação no Ministério Público, fiquei pensando como vocês não conhecem as discussões sobre ensino de língua, materiais didáticos e, especialmente, de Educação de Jovens e Adultos. A coleção em discussão não apresenta novidade, uma vez que os livros didáticos de ensino fundamental I, II e Médio já apresentam tal discussão desde o final dos anos 70. A grande novidade (talvez!) é apresentar tal questão sobre a língua para jovens e adultos. Então, qual seria o problema? A ação no Ministério Público será contra todas as coleções didáticas e gramáticas pedagógicas que mostram que a língua não é estática? Se tais coleções fazem tal proposta é porque há uma discussão no Brasil, legitimada pela academia e pelos documentos oficiais. A falta de conhecimento sobre ensino de língua materna, sobre os Referenciais Curriculares da EJA e sobre os critérios de avaliação mostra que a ação no Ministério tende a fracassar. Qual é o argumento? Que o livro didático (“a”, “b”, “c”, “n”) ensina o aluno a falar errado? Se for, há vários equívocos: (1) o livro não ensina ninguém a falar, mas promove atividades que façam o falante refletir sobre sua língua; (2) não é apenas essa coleção que faz tal trabalho com a variação linguística; (3) tal coleção se baseia em discussões teóricas no campo da Sociolinguistica, da Linguistica Aplicada, da Sociologia da Educação, etc. Como a autora da coleção falou, ela não estava ensinando a escrita formal e pública, mas estava discutindo sobre diferentes formas de “falar” e sua adequação a uma situação específica.
Tal questão já foi discutida em outros países, por isso ela não é “recente”. Talvez, o que é recente é saber que as pessoas sabem pouco sobre Educação de Jovens e Adultos. Então, como discutir a proposta do livro em análise sem pensar que os cursos de licenciatura no Brasil não discutem o ensino de EJA. Acho que há vários problemas na EJA que poderiam ser alvo de discussão e de políticas públicas, mas a discussão parece-me que é outra: vocês atacam o atual Ministro da Educação, o PT, o ex-presidente através da autora do livro didático. Parece-me um bom momento para discutirmos o ensino de língua no Brasil, mas, repito, tal discussão não é nova.
Enfim, acho completamente impossível defender uma ação no Ministério Público sem conhecimento sobre os direitos universais linguísticos, as propostas de ensino de língua no Brasil desde os anos 70, as outras coleções de livros didáticos de ensino de língua materna, sobre os critérios de avaliação do PNLA, etc. A autora do livro didático está sendo acusada de uma questão que não é pessoal (por isso, não é um erro), mas uma posição política e pedagógica que defendemos em várias obras, discussões, cursos de formação, avaliação de materiais didáticos, etc. Por tal razão, não é um crime. Se fosse um crime, teríamos que prender muitas pessoas. Quando começará a caça às bruxas? No entanto, antes de afirmarmos que tal ação pedagógica é um “crime”, sugiro definir que tipo de “crime” com base nas discussões sobre política linguística. O total desconhecimento dessa política nos faz afirmar informações (na mídia, nos blogs) que deixam muitos professores, pesquisadores e interessados no ensino de língua literalmente “chocados”.
Prof. Dr. Clecio dos Santos Bunzen Júnior
Meste e Doutor em Linguistica Aplicada pela Unicamp
Professor da Universidade Federal de São Paulo
Como professor adjunto de uma universidade pública, sinto-me “chocado”. O meu “choque” (diferente do seu) não é com a proposta didática da coleção “Viver, Aprender”, mas com a postura da mídia e de seus interlocutores. Ao ler a notícia sobre uma possível ação no Ministério Público, fiquei pensando como vocês não conhecem as discussões sobre ensino de língua, materiais didáticos e, especialmente, de Educação de Jovens e Adultos. A coleção em discussão não apresenta novidade, uma vez que os livros didáticos de ensino fundamental I, II e Médio já apresentam tal discussão desde o final dos anos 70. A grande novidade (talvez!) é apresentar tal questão sobre a língua para jovens e adultos. Então, qual seria o problema? A ação no Ministério Público será contra todas as coleções didáticas e gramáticas pedagógicas que mostram que a língua não é estática? Se tais coleções fazem tal proposta é porque há uma discussão no Brasil, legitimada pela academia e pelos documentos oficiais. A falta de conhecimento sobre ensino de língua materna, sobre os Referenciais Curriculares da EJA e sobre os critérios de avaliação mostra que a ação no Ministério tende a fracassar. Qual é o argumento? Que o livro didático (“a”, “b”, “c”, “n”) ensina o aluno a falar errado? Se for, há vários equívocos: (1) o livro não ensina ninguém a falar, mas promove atividades que façam o falante refletir sobre sua língua; (2) não é apenas essa coleção que faz tal trabalho com a variação linguística; (3) tal coleção se baseia em discussões teóricas no campo da Sociolinguistica, da Linguistica Aplicada, da Sociologia da Educação, etc. Como a autora da coleção falou, ela não estava ensinando a escrita formal e pública, mas estava discutindo sobre diferentes formas de “falar” e sua adequação a uma situação específica.
Tal questão já foi discutida em outros países, por isso ela não é “recente”. Talvez, o que é recente é saber que as pessoas sabem pouco sobre Educação de Jovens e Adultos. Então, como discutir a proposta do livro em análise sem pensar que os cursos de licenciatura no Brasil não discutem o ensino de EJA. Acho que há vários problemas na EJA que poderiam ser alvo de discussão e de políticas públicas, mas a discussão parece-me que é outra: vocês atacam o atual Ministro da Educação, o PT, o ex-presidente através da autora do livro didático. Parece-me um bom momento para discutirmos o ensino de língua no Brasil, mas, repito, tal discussão não é nova.
Enfim, acho completamente impossível defender uma ação no Ministério Público sem conhecimento sobre os direitos universais linguísticos, as propostas de ensino de língua no Brasil desde os anos 70, as outras coleções de livros didáticos de ensino de língua materna, sobre os critérios de avaliação do PNLA, etc. A autora do livro didático está sendo acusada de uma questão que não é pessoal (por isso, não é um erro), mas uma posição política e pedagógica que defendemos em várias obras, discussões, cursos de formação, avaliação de materiais didáticos, etc. Por tal razão, não é um crime. Se fosse um crime, teríamos que prender muitas pessoas. Quando começará a caça às bruxas? No entanto, antes de afirmarmos que tal ação pedagógica é um “crime”, sugiro definir que tipo de “crime” com base nas discussões sobre política linguística. O total desconhecimento dessa política nos faz afirmar informações (na mídia, nos blogs) que deixam muitos professores, pesquisadores e interessados no ensino de língua literalmente “chocados”.
Prof. Dr. Clecio dos Santos Bunzen Júnior
Meste e Doutor em Linguistica Aplicada pela Unicamp
Professor da Universidade Federal de São Paulo
Entrevista com Vera Masagão Ribeiro, doutora em educação, coordenadora geral da ONG Ação Educativa
http://cbn.globoradio.globo.com/programas/cbn-total/2011/05/17/ERROS-EM-LIVRO-DE-PORTUGUES-SERVEM-PARA-LEVAR-ALUNOS-DO-COLOQUIAL-A-NORMA-CULTA.htm
Posicionamentos da ALAB e ABRALIN em relação a polêmica dos livros didáticos.http://www.alab.org.br/noticias/destaque/80-polemica-em-relacao-a-erros-gramaticais-em-livro-didatico-de-lingua-portuguesa-revela-incompreensao-da-imprensa-e-populacao-sobre-a-atuacao-do-estudioso-da-linguagem
NOTA PÚBLICA - São Paulo, 19 demaio de 2011
AçãO EDUCATIVA AGRADECE O APOIO DA COMUNIDADE CIENTíFICA E DOS
ESPECIALISTAS NO ENSINO DA LíNGUA
ESPECIALISTAS NO ENSINO DA LíNGUA
Alguns dias depois do início da polêmica em torno de uma frase retirada da obra “Por uma vida melhor”, cuja responsabilidade pedagógica é da Ação Educativa, o debate ganha argumentos mais qualificados na imprensa. Autores como Marcos Bagno (UnB), Sírio Possenti (Unicamp), Carlos Alberto Faraco (UFPR), Magda Soares Becker (UFMG) e tantos outros vieram a público se posicionar sobre a polêmica, que classificaram como “falsa” e “vazia” (leia abaixo outras manifestações de apoio).
Com exceção de alguns que insistem em insinuar que o livro “ensina errado”, parece ter ficado claro à opinião pública que o objetivo da obra é ensinar a norma culta, sim, mas a partir da consideração de
variantes populares do idioma que o adulto traz consigo ao chegar à escola. Em outras palavras, o livro mostra a frase “Nós pega” para, em seguida, ensinar a forma “Nós pegamos”. Infelizmente, ao pinçar apenas a primeira parte, a notícia publicada em um blog de política do IG e reproduzida por outros veículos não trazia elementos de contextualização a seus leitores.
variantes populares do idioma que o adulto traz consigo ao chegar à escola. Em outras palavras, o livro mostra a frase “Nós pega” para, em seguida, ensinar a forma “Nós pegamos”. Infelizmente, ao pinçar apenas a primeira parte, a notícia publicada em um blog de política do IG e reproduzida por outros veículos não trazia elementos de contextualização a seus leitores.
Lamentamos a postura de alguns parlamentares que se apropriaram da discussão de maneira superficial e usam o episódio para atacar opositores e criar novas falsas polêmicas. Como corretamente publicou
a FOLHA DE S. PAULO (18/5), o livro segue as normas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), vigentes desde 1997.
a FOLHA DE S. PAULO (18/5), o livro segue as normas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), vigentes desde 1997.
Sabemos que o debate público é fundamental para promover a qualidade e equidade na educação, e reafirmamos nossa disposição em participar de toda discussão nesses termos.LEIA ABAIXO AS MANIFESTAçõES FAVORáVEIS à OBRA “POR UMA VIDA MELHOR”.
“A polêmica não tem qualquer fundamento. Quem a iniciou e quem a está sustentando pelo lado do escândalo, leu o que não está escrito, está atirando a esmo, atingindo alvos errados e revelando sua espantosa ignorância sobre a história e a realidade social e linguística do Brasil. Pior ainda: jornalistas respeitáveis e até mesmo um conhecido gramático manifestam indignação claramente apenas por ouvir dizer e não com base numa análise criteriosa do material. Não podemos senão lamentar essa irresponsável atitude de pessoas que têm a obrigação, ao ocupar o espaço público, de seguir comezinhos princípios éticos”.
Leia aqui[1] o artigo completo, na GAZETA DO POVO./CARLOS ALBERTO FARACO//, linguista, foi professor de Português e reitor da UFPR/ “Quando fiquei sabendo da questão, disse que não acreditava na
matéria do IG, primeira fonte do debate. Depois tive acesso à indigitada página, no mesmo IG, e constatei que todos os que a leram a leram errado. Mas aposto que muitos a comentaram sem ler. (...) O linguista diz que a escola deve ensinar a dizer /Os livro/? Não. Nenhum linguista propõe isso em lugar nenhum (desafio os que têm opinião contrária a fornecer uma referência). Aliás, isso não foi dito no tal livro, embora todos os comentaristas digam que leram isso” Leiaaqui[2] o artigo completo, no TERRA MAGAZINE. /SíRIO POSSENTI,// professor associado do Departamento de Linguística da Unicamp e autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, Os humores da língua, Os limites do discurso, Questões para analistas de
discurso e Língua na Mídia./ “[A polêmica] não tem fundamento. Ela está estabelecida nas informações do primeiro capítulo do livro, que é sobre a diferença entre escrever e falar. Ele é muito adequado porque diz que a escrita é diferente da fala e que na fala existe muito mais variação do que na escrita. Faz a distinção entre a variedade popular e a variedade culta, e mostra que elas têm sistemas de concordâncias diferentes.
(...) Quando os autores explicam que é possível falar “os peixe”, não estão querendo dizer que esse é o certo, nem vão ensinar a pessoa a escrever errado. Isso é como as pessoas já falam. A escola tem é que
ensinar a norma culta e o livro faz isso. O objetivo do capítulo é apenas deixar claro que uma coisa é falar e outra é escrever”. Leia aqui[3] o artigo completo no jornal A NOTíCIA (SC)./Ana Maria Zilles, pós-doutora em linguística pela New York University, professora da UNISINOS (RS)/
matéria do IG, primeira fonte do debate. Depois tive acesso à indigitada página, no mesmo IG, e constatei que todos os que a leram a leram errado. Mas aposto que muitos a comentaram sem ler. (...) O linguista diz que a escola deve ensinar a dizer /Os livro/? Não. Nenhum linguista propõe isso em lugar nenhum (desafio os que têm opinião contrária a fornecer uma referência). Aliás, isso não foi dito no tal livro, embora todos os comentaristas digam que leram isso” Leiaaqui[2] o artigo completo, no TERRA MAGAZINE. /SíRIO POSSENTI,// professor associado do Departamento de Linguística da Unicamp e autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, Os humores da língua, Os limites do discurso, Questões para analistas de
discurso e Língua na Mídia./ “[A polêmica] não tem fundamento. Ela está estabelecida nas informações do primeiro capítulo do livro, que é sobre a diferença entre escrever e falar. Ele é muito adequado porque diz que a escrita é diferente da fala e que na fala existe muito mais variação do que na escrita. Faz a distinção entre a variedade popular e a variedade culta, e mostra que elas têm sistemas de concordâncias diferentes.
(...) Quando os autores explicam que é possível falar “os peixe”, não estão querendo dizer que esse é o certo, nem vão ensinar a pessoa a escrever errado. Isso é como as pessoas já falam. A escola tem é que
ensinar a norma culta e o livro faz isso. O objetivo do capítulo é apenas deixar claro que uma coisa é falar e outra é escrever”. Leia aqui[3] o artigo completo no jornal A NOTíCIA (SC)./Ana Maria Zilles, pós-doutora em linguística pela New York University, professora da UNISINOS (RS)/
KáTIA LOMBA BRäKLING, professora de linguística e uma das elaboradoras dos PCNs de língua portuguesa, avalia que o material “está perfeito”. “A gente comete coisas piores ao falar. ‘Comemos’ o
‘r’ final de todos os verbos no infinitivo. Dizemos: ‘falá’, ‘cantá’, ‘brincá’. Mas se eu estiver em um contexto familiar, posso falar do jeito que eu quiser”, defende.
‘r’ final de todos os verbos no infinitivo. Dizemos: ‘falá’, ‘cantá’, ‘brincá’. Mas se eu estiver em um contexto familiar, posso falar do jeito que eu quiser”, defende.
/PORTAL IG// – “Uso de linguagem popular na sala de aula é orientação do MEC” – Leia a reportagem completa //aqui./[4]// MARCOS BAGNO, professor da Universidade de Brasília (UnB) e autor do livro Preconceito Linguístico, considera que faltaram informações à sociedade e aos meios de comunicação para abordar o assunto. "Isso é uma falsa polêmica porque qualquer livro didático que você procure no mercado brasileiro traz um comentário, uma lição sobre a variação linguística. A linguística moderna se dedica ao estudo de qualquer manifestação da língua e não só aquela que um grupo de pessoas considera certa", afirma.
/Agência Brasil - “Alfabetização de adultos precisa levar em conta "norma popular", defendem especialistas”. Leia a reportagem completa //aqui./[5]// “A polêmica provocada pela publicação na imprensa de trechos do livro de Heloísa Ramos nasce da defasagem entre a visão do ensino da língua materna cultivada pelo senso comum e uma pedagogia desenvolvida com base na linguística. Na condição de ciência, a linguística tem por objetivo descrever a língua, não prescrever formas de realização. O trabalho do linguista passa ao largo dos frágeis conceitos de "certo" e "errado". É fato, porém, que, para os leigos no assunto, o estudo da língua parece se resumir exatamente a esses conceitos”. Leia aqui[6] o artigo na íntegra. /THAIS NICOLETTI DE CAMARGO//, consultora de língua portuguesa do Grupo Folha-UOL.///
A reflexão sobre a construção "os livro" não tem nada a ver com preguiça e assassinato, mas com um fenômeno cultural, histórico e social que ocorre com todas as línguas: a existência de construções
linguísticas largamente usadas por vários grupos sociais e que funcionam, em certos contextos, para comunicar sem nenhum problema. As acusações feitas pelo colunista Clóvis Rossi aos professores
("preguiçosos" e "assassinos") funda-se em sua própria ignorância das razões históricas e sociais usadas pela ciência da linguística há mais de cem anos.
linguísticas largamente usadas por vários grupos sociais e que funcionam, em certos contextos, para comunicar sem nenhum problema. As acusações feitas pelo colunista Clóvis Rossi aos professores
("preguiçosos" e "assassinos") funda-se em sua própria ignorância das razões históricas e sociais usadas pela ciência da linguística há mais de cem anos.
/FRANCISCO ALVES FILHO,// professor da Universidade F ederal do Piauí (Teresina, PI), no painel do leitor da Folha de S. Paulo (18/5)/ “O artigo de Clóvis Rossi ofende profundamente os linguistas do mundo
todo. A linguística moderna substituiu o antigo ensino da gramática normativa, não desprezando a norma culta, mas mostrando que as línguas evoluem e mudam com o tempo e geram diferentes normas ou variantes
linguísticas. O que hoje pode soar como vulgar no português pode, no futuro, representar norma culta. A escola deve ter consciência da história da língua e dos valores que atribuímos socialmente às
variedades linguísticas”.
todo. A linguística moderna substituiu o antigo ensino da gramática normativa, não desprezando a norma culta, mas mostrando que as línguas evoluem e mudam com o tempo e geram diferentes normas ou variantes
linguísticas. O que hoje pode soar como vulgar no português pode, no futuro, representar norma culta. A escola deve ter consciência da história da língua e dos valores que atribuímos socialmente às
variedades linguísticas”.
/LUIZ CARLOS CAGLIARI,// professor de linguística da Unesp (Araraquara, SP)/
“[Minha posição] não diverge em absolutamente nada em relação ao que diz a "nota pública" divulgada pela Ação Educativa. (...) O capítulo do livro que está sendo censurado trata exatamente da importância da
aprendizagem da norma culta! A única coisa que eu poderia dizer a mais é que as pessoas não deveriam tirar conclusões e fazer acusações a partir de uma frase pinçada de um texto que não conhecem e que
desmente tudo o que vêm dizendo a respeito do livro em questão”.
aprendizagem da norma culta! A única coisa que eu poderia dizer a mais é que as pessoas não deveriam tirar conclusões e fazer acusações a partir de uma frase pinçada de um texto que não conhecem e que
desmente tudo o que vêm dizendo a respeito do livro em questão”.
/MAGDA BECKER SOARES,// professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por e-mail à Ação Educativa./
O ministro FERNANDO HADDAD (Educação) disse que o governo não recolherá o livro "Por uma Vida Melhor", que causou polêmica por defender um erro de concordância ao tratar da diferença entre língua
oral e escrita. "Evidentemente que não [será recolhido]. Já foi esclarecido que as pessoas que acusaram esse livro não o tinham lido. Uma pena que as pessoas se manifestaram ser ter lido", afirmou o ministro.
oral e escrita. "Evidentemente que não [será recolhido]. Já foi esclarecido que as pessoas que acusaram esse livro não o tinham lido. Uma pena que as pessoas se manifestaram ser ter lido", afirmou o ministro.
/Folha de São Paulo/ Agência Estado (AE) – 19/05/
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[1] http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=1127433&tit=Polemica-vazia
[2] http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5137669-EI8425,00-Aceitam%20tudo.html
[3] http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3316198.xml&template=4187.dwt&edition=17142§ion=2002
[4] http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/uso+de+linguagem+popular+na+sala+de+aula+e+orientacao+do+mec/n1596963937866.html
[5] http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-05-19/alfabetizacao-de-adultos-precisa-levar-em-conta-%E2%80%9Cnorma-popular%E2%80%9D-defendem-especialistas
[6] http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/15929/opiniao-o-senso-comum-confunde-a-lingua-com-a-norma-culta
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