Antologia
literária e fotográfica organizada por mulheres
é
disponibilizada para download gratuito
Democratizar
o acesso à literatura. Conferir visibilidade à escrita de mulheres. Eis os
principais objetivos da ação cultural intitulada Profundanças. Dessa ação
coletiva surgiu uma antologia literária e fotográfica, a qual está disponível
para download gratuito, por tempo indeterminado, a partir do site
www.vooaudiovisual.com.br. A antologia, que foi lançada virtualmente no dia 06
de dezembro de 2014, inaugura a linha de publicações da produtora baiana Voo
Audiovisual, cuja atuação tem se dado no campo da produção cinematográfica.
Profundanças (antologia literária e
fotográfica) já nasceu como projeto colaborativo e sem fins lucrativos.
Organizada pela poeta e professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
Daniela Galdino, a antologia reúne treze autoras inéditas ou com apenas um
livro, além de quatorze fotógrafas/os. Como resultado tem-se uma publicação
múltipla, com colaboradoras/es da Bahia, de Pernambuco e São Paulo. Reside aí
outro aspecto positivo: o entrecruzamento de dicções e olhares vários. O livro
traz poemas, contos e crônicas, além de treze ensaios fotográficos.
A intencionalidade do projeto é conferir visibilidade
às produções que encenam outros lugares para os corpos de mulheres, ou seja,
formas sensíveis de autorrepresentação. Conhecendo de perto a escrita
dessas mulheres e com a ânsia de ampliar as possibilidades de interações, a
organizadora, a partir das experiências de deslocamentos geográficos realizados
nos últimos três anos, amadureceu a ideia de organizar uma antologia que
trouxesse à tona o que se chama de “cadeia ininterrupta de insurgências” (para
usar uma expressão da crítica indiana Gayatri Spivak). O lugar ocupado pela literatura
na vida das autoras que participam do projeto é imenso: forma de
sobrevivência(s), contragolpes certeiros, antídoto ao desencanto.
Como a literatura
sempre se abre a outras possibilidades de diálogo, veio a necessidade de
inserir o trabalho de jovens fotógrafas/oss sensíveis às formas de resistência
feminina. Portanto, para cada autora convidada tem-se um/a fotógrafo/a que
produziu um ensaio cujo foco é a revelação da presença de mulheres nos seus
espaços de origem/atuação. A atmosfera de cada ensaio foi de livre criação da/o
fotógrafa/o correspondente, sendo que o conjunto de imagens refuta a
visualidade hegemônica que transforma os corpos femininos em produtos para
consumo pré-determinado.
Toda a ação
colaborativa relacionada à antologia Profundanças
tem se dado a partir da internet, especialmente das redes sociais, com experiências
alternativas de divulgação literária. Com isso, o grupo se lança ao desafio de
burlar as barreiras impostas pelas dinâmicas do mercado editorial, priorizando
as possibilidades de interação com leitoras/es. A articulação junto a coletivos
de artistas, mediadores da leitura literária e seguidores das redes sociais tem
se apresentado como a forma mais viável para atingir círculos amplos de
interlocutores.
Por tais características
Profundanças, mais do que um livro,
é um chamamento à ciranda cultural, com todas as diferenças que aí residem e
flutuam. E como bem observa a cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá, “não se
pode dançar ciranda sozinho”. Portanto, Profundanças
requisita o senso de coletividade na criação artística e nas produções
culturais, como forma alternativa de inserção no campo literário.
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